Jairo Klug e Alina Dumas do remo olímpico para serem os nossos representantes em paraolimpíadas
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Criado em Segunda, 11 Novembro 2024 16:46
Atletas mudam de categoria, seja de peso ou de idade, mas dois remadores brasileiros mudaram de modalidade. Alina Dumas (Corinthians) e Jairo Klug (Pinheiros) começaram no remo olímpico e, por motivos diferentes, hoje, são classificados para-atletas e fazem parte da seleção paraolímpica de remo na categoria PR3.
Jairo chegou a fazer parte da seleção olímpica de remo e nos representou em Jogos Pan-Americanos e Sul-Americanos antes de sofrer um acidente grave de moto em 2010, onde o remador carrega as sequelas até hoje na sua mão esquerda.
O atleta conta que as consequências do acidente não foram piores exatamente porque já era atleta de alto rendimento e a sua musculatura não deixou que as vértebras na cervical, fraturadas durante a batida de moto, saíssem do lugar. Após meses no hospital e semanas em coma, o remador acordou sem saber o que tinha acontecido com ele.
"Acordei na UTI do hospital sem saber de nada do que tinha acontecido. Até hoje, minha última lembrança daquele dia é, eu me despedindo do pessoal na USP, depois de um treino de remo e saindo de moto", relembra Jairo.
Já a nossa hermana, naturalizada brasileira, Alina Dumas, migrou para o para-remo após uma cirurgia de reconstrução nos ligamentos de suas pernas. "A cirurgia é bem simples, corriqueira. O tornozelo direito está bem, sem sequelas, mas o esquerdo está mais rígido e não consigo flexionar como antes. Ai, tentei a classificação duas vezes para o PR3. Os médicos acham que talvez minha condição melhore, mas eu sinto muita dor e se eu tiver que fazer alguma intervenção será para retirada do nervo", explica a atleta.
Com inícios de carreira bem diferentes, Jairo e Alina foram nossos representantes paralímpicos em Paris em dois barcos . O remador no Pinheiros competiu no double skiff PR3, ao lado de Diana Barcelos, conquistando a melhor colocação brasileira nos Jogos de Paris: quinto lugar geral na final do double skiff PR3.
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Aliás, a dupla formada por Jairo e Diana é bi-campeã mundial na mesma prova e vem mostrando resultados muito positivos nos últimos anos. Já Alina nos representou no quatro com timoneiro PR3, conquistando a segunda posição na final B, oitavo lugar geral, mesma prova que Jairo competiu nos Jogos de Tóquio.
A transição: Apesar de os corpos dos remadores carregarem sequelas de acidentes ou cirurgias, os dois atletas estão muito bem em sua nova condição de para-atleta. Para Alina e Jairo, a transição foi tranquila e o motivo foi o mesmo: o amor pelo remo.
"Eu esperei um ano de fisioterapia para saber se a minha sequela seria permanente ou não. Lembro que na época o treinador do para-remo do Pinheiros ainda brincou: pior das hipóteses, você vem remar conosco! Na época, poderia ter parado, mas eu amo remar e um jeito de continuar competitivo e fazer o que amo era tentar a minha classificação. Foi o que fiz e sigo treinando até hoje", explica nosso representante e duas paraolimpíadas, Jairo Klug.
"Eu me divirto muito remando e treino para competir. No remo olímpico, eu tenho que compensar um pouco a minha limitação de movimento, tenho que abrir um pouco mais a perna. A remada não fica perfeita, já no para-remo eu me sinto mais à vontade. A classificação para o PR3 foi o certo a ser feito, apesar de ter feito duas vezes e ter que revisar no início da temporada que vem", explica a nossa representante em Paris, Alina Dumas.
Jairo Klug foi bi-campeão brasileiro de remo olímpico antes de sofrer o acidente e chegou a subir no pódio sul-americano pela seleção brasileira de remo . Um dos principais atletas de sua geração, apesar de todos os desafios enfrentados dentro e fora das raias, é uma referência no nosso esporte, sendo o único atleta a nos representar na Seleção Brasileira em eventos de remo olímpico e paraolímpico.
Sempre calmo e resiliente, o remador faz planos para Los Angeles e afirma que sabe que ainda tem muito mais para conquistar. "Acredito no potencial do double skiff PR3 para os próximos Jogos. Sei que, se trabalharmos bem, podemos mais. Vou seguir treinando firme para ganhar as próximas seletivas classificatórias", afirma o para-atleta.
Já Alina Dumas subiu ao pódio neste último CBI no remo olímpico e paraolímpico! Sendo para-atleta destaque da modalidade de para-remo na competição. Com uma medalha de prata e bronze no dois sem timoneiro e double skiff sênior e uma de ouro no quatro com timoneiro PR3. A remadora também faz planos para Los Angeles e vai mais além, pensando na Austrália em 2032. "Enquanto eu me divertir e puder treinar e competir, não pretendo parar com o remo. Gosto muito do esporte. Pela minha idade, eu acredito que consigo me classificar para mais dois ciclos paralímpicos", explica a remadora.
Remadores destaque nas duas modalidades, Alina Dumas e Jairo Klug mostram que o amor pelo esporte e pela competição os fizeram persistir e seguir treinando e que, apesar das mudanças, a mentalidade de atleta e vontade de treinar seguem inabaláveis.