Os remadores 80+ do brasileiro Master 2024: Cinco atletas provam que jovialidade e competitividade são para a vida toda
- Detalhes
-
Criado em Quinta, 11 Julho 2024 12:50
Cinco atletas de estados e histórias diferentes se reuniram nesta última edição do brasileiro de Remo Master, realizado no final do mês de junho na raia olímpica da USP, em São Paulo, para mostrar que vitalidade, persistência e resiliência ficam muito melhores com a idade. Odilon Maia Martins, Robert Schneider, Joel Alves Ribeiro, Essenine Medeiros e José Carlos Araponga formam um grupo de atletas muito especial: "Os remadores de 80 +"
Os dois atletas mais jovens desse grupo possuem 80 anos. Todos esbanjando boa forma e bom humor e mostrando que para remar só precisa ter vontade! "Já está provado cientificamente que o remo é o melhor esporte para os idosos. Não pretendo parar de remar!", afirma Essenine Medeiros, do Guanabara, que remou sete provas nesse campeonato pelo Corinthians, ganhando todas.
O remador mais experiente do mundo é nosso! Odilon Maia Martins do Aldo Luz remou este brasileiro usando as cores do Corinthians Paulista e competiu no oito com timoneiro e na categoria M no single skiff! Aos 94 anos, o atleta competiu em diversas provas e se prepara para o Mundial Master, previsto para o mês de setembro na Alemanha.
Sempre homenageado e festejado pela World Rowing nas competições internacionais, Seu Odilon, como é mais conhecido por todos, está acostumado a superar barreiras e estrear as categorias nas regatas. Campeão brasileiro, sul-americano e mundial, múltiplas vezes como Master, o remador não pensa em parar e mostra ótimo humor e competitividade na hora de suas provas.
Sendo o único remador deste Campeonato Brasileiro acima dos 90 anos, a expectativa é que na próxima temporada Seu Odilon quebre mais uma barreira da idade ao abrir a categoria N aos 95 anos! Que energia hein?
Diretamente da Ribeira: Os dois atletas mais experientes após Seu Odilon, acima dos 80 anos, são os baianos Joel Alves Ribeiro, mais conhecido como "Meu Santo", 84 anos, e José Carlos Araponga, 88 anos, remaram juntos na mesma equipe neste brasileiro e no mesmo barco pela primeira vez! Após décadas dedicada ao remo de alto rendimento, os dois atletas foram rivais na juventude e sempre remaram um contra o outro.
"Passamos uma época em que não nos falávamos. Eu remava pelo Vitória e Zé Carlos pelo Itapagipe. Sempre competimos no skiff e no double e a rivalidade era muito grande. Hoje o ambiente é outro e podemos remar juntos e nos ajudar", relembra Meu Santo.
Os dois remadores dedicaram 20 anos de sua juventude ao remo baiano, ganhando estaduais e Copas Norte Nordete para os seus clubes. Joel parou de remar aos 34 anos e se desligou da modalidade por completo. Aos 60 anos, Meu Santo voltou a treinar. "Eu tinha a maior dificuldade para subir escadas de avião, depois que voltei ao remo isso mudou. Estou melhor hoje do que há 20 anos", comemora o remador.
Jose Carlos Araponga demorou mais um pouco para voltar a remar, mas tem se dedicado aos treinos. O brasileiro na Raia da USP foi a primeira competição de sua carreira de Master, além de ter sido a primeira prova em que competiu ao lado de seu antigo rival e hoje amigo Joel Alves Ribeiro. "O ambiente do Master é outro! Sem briga, de confraternização! Antigamente tinha muita briga", explica Meu Santo.
Competir é preciso: Já os mais jovens desse grupo, Essenine Medeiros e Robert Roy Schneider, remam no Rio de Janeiro e Brasília respectivamente. Os remadores estrearam na faixa dos 80 anos neste brasileiro de São Paulo e com 100% de aproveitamento! Os dois atletas, assim, Seu Odilon, Meu Santo e Araponga, competiram pelo Corinthians, apesar de treinarem no Guanabara e no Minas Brasilia em seus estados.
Essenine, assim como os dois baianos, também remou na juventude, só que pelo Vasco e chegou a ser campeão carioca na década de 60. Já Robert Schneider só começou a remar em 2013. Bob, como é mais conhecido, começou sua carreira esportiva no ciclismo e chegou a integrar a seleção norte-americana nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972.
Americano de nascimento, Bob veio morar no Brasil devido a seu trabalho no Banco Mundial e, quando se aposentou, resolveu ficar em Brasília. "Todos os meus amigos estão aqui, faz mais sentido ficar no aqui. Além disso, o clima é ótimo. Eu conheci o remo pela primeira vez quando tinha 28 anos e vi alguém no skiff remando em um lago em Wisconsin. Achei lindo! Pensei: Quando eu me aposentar, eu vou tentar esse esporte. Ai, me mudei para o Brasil. Em 2013, em acidente com a bicicleta, machuquei o pescoço e resolvi que era o momento de colocar o meu plano em prática", explica o atleta.
Campeão Mundial de Remo no single skiff, Robert afirma que esta foi a vitória mais especial e significativa da carreira dele e já faz planos para ir para a próxima competição da World Rowing este ano. Essenine é campeão sul-americano de remo e conta que, apesar das diversas vitórias e medalhas, não existem muitas competições com sua categoria, opinião compartilhada por Bob.
"Não existe competição estadual com a minha categoria. Para remar, eu teria que competir em uma idade muito mais baixa que a minha. Treino todos os dias e acredito que, não importa a idade, o remo tem que ser de excelência. Tudo depende da cor da medalha que você quer", explica Medeiros. Robert compartilha da mesma opinião e gostaria de mais competições em sua categoria de idade ou uma possibilidade de remar contra os mais jovens de uma maneira mais justa. "Poderia se fazer uma contagem de handicap conforme feito em outros países. Somos poucos atletas com 80 anos ou mais, mas ainda queremos competir", explica Bob.
As competições são uma forma desses remadores se manterem motivados em seus treinamentos diários porque, não importa a idade, ninguém gosta de perder! Que a experiência e disposição desses atletas sirvam de inspiração aos mais jovens da modalidade e os nossos cinco atletas mais experientes desse brasileiro continuem remando, ganhando e trazendo vitalidade e leveza ao remo nacional.