Hall da Fama
Thiago Almeida – O remador olímpico e a promessa da bicicleta
O atleta olímpico, Thiago Almeida, o Capi, começou no remo por causa de sua mãe. Ela não queria que seu filho ficasse muito tempo na rua com os amigos e o colocou para praticar. "No início eu não queria ir, mas minha mãe me ameaçou com uma vara da goiabeira. Aí eu fui, mas meu interesse só cresceu quando um dos diretores do clube me prometeu uma bicicleta se ganhasse a minha prova", relembra Capi.
Thiago Almeida na Regata Classificatória para as Olimpíadas de Londres, em 2012 A história pode ter começado de forma bem inusitada, mas o resultado foi mais que positivo. Nosso representante do Double Skiff Masculino Peso Leve nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, lembra claramente do dia de sua classificação.
"O Rodney [Bernardes de Araújo, antigo presidente da CBR] nos agradeceu por termos colocado o barco na final do pré-olímpico e disse que nosso dever estava cumprido. Eu disse a ele: não presidente, eu vou pegar uma das vagas. A prova era muito difícil, mas na hora que nos classificamos eu comecei a gritar de dentro do barco: eu vou para as Olimpíadas!"
PANAMERICANO DE 2007: Campeão Brasileiro e Sul-Americano, Thiago acumula títulos e passagens pela seleção brasileira. Apesar da felicidade da classificação olímpica, segundo o atleta, o seu momento mais marcante no remo aconteceu meses antes da qualificação para Pequim, durante sua prova nos Jogos Pan-Americanos do Rio em 2007.
Barco Quatro Sem Peso Leve do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Toronto "Ainda não consigo me lembrar sem me emocionar. Foi muito marcante e ainda mexe muito comigo. Não conseguimos a medalha, perdermos por menos de um segundo do primeiro colocado e menos de 4 milésimos de segundo a medalha de bronze", relembra Capi.
A chegada do Quatro Sem Peso Leve do Brasil no Pan-Americano de 2007 ficou marcada na memória de todos os espectadores. Não só pelo desempenho e garra da barco brasileiro que não desistiu até a última remada, mas também pelo desgaste físico e emocional de cada um de seus atletas após o término da prova. Thiago foi o mais afetado de todos eles, saindo do barco direto para a ambulância do evento, permanecendo lá até se recuperar.
SONHO OLÍMPICO: Depois de ter ganhado a bicicleta, quando venceu a sua primeira prova, Thiago tomou gosto pelo remo e não parou mais. Seu primeiro ídolo no esporte foi seu treinador no Saldanha da Gama, Sérgio Luiz Pinter, clube em que o atleta iniciou.
Thiago Gomes e Thiago Almeida nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008 "O Quein Quein, apelido de Sérgio no remo, foi meu primeiro ídolo. Eu dizia a ele que um dia eu iria ter nove títulos brasileiros que nem ele tem. Quando cheguei no número nove, eu disse a ele: mais um e eu te passo", conta orgulhoso Capi.
"O atleta tem que ter os objetivos dele claro na cabeça, tem que saber onde quer chegar. Não importa o que os outros dizem. Cada um sabe de sua capacidade. Ouvi muitas vezes durante a minha carreira: não vai dar e eu dizia pra mim mesmo: vai dar sim!", afirma Thiago.
O fato é que a carreira de Capi sempre foi marcada por desafios e sua personalidade forte durante as competições. Experiência que leva consigo na sua carreira como treinador.
MUNDIAIS E COPAS DO MUNDO: Com uma carreira extensa, Thiago participou de três Jogos Pan-Americanos (2007, 2011 e 2015) e a Olimpíada de 2008, mas sua primeira participação internacional foi em 2004 na III Copa do Mundo na Suíça e no Mundial daquele mesmo ano realizado na Espanha, onde o Four Skiff Peso Leve terminou com a 3ª colocação na Final B.
Em 2012, o remador chegou no sexto lugar da Final A da regata classificatória para as Olimpíadas de Londres, competição que foi realizada na Suíça, no Quatro Sem Peso Leve.
APOSENTADORIA FORÇADA E TREINAMENTOS: A carreira de Thiago Almeida foi parada por um zagueiro em uma partida amistosa de futebol. Em uma dividida, Capi quebrou a perna e teve que passar por uma cirurgia extensa de reconstrução do joelho.
Thiago (de branco) com a equipe do Riachuelo rumo ao Brasileiro de 2021 Na época, o atleta que já era formado em Educação Fisica, tinha planos de transacionar sua carreira para treinador no clube que ainda competia, o CR Flamengo.
A transição não foi fácil, até porque Thiago não queria parar de remar, mas como sempre gostou de um desafio, encarou mais essa etapa de sua carreira no esporte. Hoje, Thiago é técnico de equipe do Riachuelo, clube de Florianópolis.
LEGADO: Uma das maiores preocupações e metas de Thiago Almeida é o legado deixado por atletas e pioneiros na modalidade. "Os atletas mais velhos tem que deixar referência e exemplo para os mais jovens. Desde o desempenho e comprometimento com os resultados dentro da água mas também o comportamento fora dela. O cuidado com o material, com o barco e o respeito ao clube que você está defendendo. Estes valores são muito importantes e não podem ser esquecidos", explica o atleta.
Casado, pai de dois filhos. Thiago Almeida, o Capi, passa seus conhecimentos para novas gerações de remadores sabendo onde quer chegar sem esquecer de suas origens.
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