Para os ex-atletas Fabiana Beltrame e Gibran da Cunha, o remo trouxe muito mais do que os diversos prêmios e medalhas conquistadas ao longo de suas carreiras vitoriosas.
São quase 20 anos juntos, com direito a casa, dois filhos e uma vida de memórias dentro e fora das raias. Os dois são catarinenses, mas começaram a namorar quando Fabiana se mudou para o Rio de Janeiro e foi remar no Vasco da Gama em 2005, clube que Gibran já defendia as cores. Entre as lembranças do casal, a dos treinos em que Gibran, já no final de carreira, fazia com sua então namorada, Fabiana no Single Skiff (1x).
"Eu nunca fui bom remador de Skiff, mas como forma de treinamento a Fabiana saia com um handicap e eu ia atrás tentando buscá-la. Nós dois odiamos perder, aí já viu né? Quando me aproximava do barco dela, ela já gritava: Tá roubando na voga! Mas nada que um abraço de urso não resolvesse depois dos treinos", relembra Gibran ao lado de Fabiana que ria da história contada pelo marido.
"Nós dois somos muito competitivos, mas nosso relacionamento foi o melhor dos dois mundos. Sempre fomos parceiros e torcemos um pelo outro. Especialmente quando a Alice (primeira filha do casal) nasceu, o apoio dele foi fundamental", comenta Fabiana.
O casal Fabiana Beltrame e Gibran Vieira em 2005, em São Paulo O fato é que Fabiana e Gibran detém o maior número de títulos do remo brasileiro no quesito casal. Beltrame foi a primeira mulher brasileira a ir para uma Olimpíada e detém duas medalhas de ouro e uma de bronze conquistadas em Mundial e Copas do Mundo.
Gibran é o segundo atleta brasileiro com mais medalhas em Jogos Pan-Americanos, são três de prata e uma de bronze, totalizando cinco medalhas em 15 anos de Seleção Brasileira e 30 anos de carreira. Além de participação em Mundiais, Copas do Mundo e Sul-Americanos.
Gisele e Capi Este casal também tem sua vida marcada pelas remadas. Thiago Almeida, o Capi, conheceu Gisele Freitas quando se mudou do Espírito Santo para o Rio de Janeiro e foi remar pelo C. R. Flamengo. Thiago nos representou em Sul-Americanos, Pan-Americanos, Mundiais, Copas do Mundo e nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.
O casal Gisele Freitas e Thiago Almeida está juntos desde 2003 Gisele era estreante no Flamengo e impressionou Capi logo de cara: "Ela estava voltando de uma lesão no pé e a primeira vez que eu a vi chamou minha atenção e nos tornamos amigos. Um dia minha mãe veio me visitar e eu apresentei a Gisele assim: Essa aqui é a minha namorada só que ela ainda não sabe", relembra Thiago.
No final de 2003 começaram a namorar e estão até hoje juntos. "O bom de namorar alguém do esporte é que a pessoa entende o tempo que se gasta praticando, treinando e viajando. São muitas competições e o atleta de alto rendimento está sempre focado na próxima regata, na próxima medalha", explica Capi.
Gisele parou de remar quando engravidou do primeiro filho e voltou ao esporte após 12 anos. Hoje, a atleta rema pelo Riachuelo, mesmo clube que Thiago é treinador. O casal enfrentou mais um desafio juntos. "O mais difícil é saber separar o treinador do marido. Em casa somos um casal, na garagem eu sou o técnico da equipe", explica Capi.
Voltando às raias, Gisele enfrentou diversos desafios como reconquistar a antiga forma física, competir contra atletas mais jovens e na última regata do estadual de ter remado o Single Skiff Sênior. A remadora levou a melhor e dominou o barco e a prova, levando para casa a medalha de ouro.
Ana e Conte Os gaúchos Ana Lucia Kist e Gilberto Conte se conheceram na garagem do Guaíba-Porto Alegre (GPA). A então estudante de Jornalismo tinha que escolher um esporte como matéria obrigatória na UFRGS e acabou encontrando o remo por este motivo.
O casal Gilberto Conte e Ana Lucia Kist se preparando para remar em Porto Alegre Conte era atleta no Grêmio Náutico União, mas no ano em que Ana começou a praticar o esporte, o remador estava treinando no GPA e em um dia na garagem o técnico disse a ele que os dois deveriam remar no Double Skiff (2x) juntos.
"Eu me lembro que fui por barco contrariada, achando que o técnico me mandou treinar com o Conte porque ele não sabia remar, mas o conhecimento e as dicas que ele deu me fizeram prestar atenção nele e meu interesse e admiração por ele começaram", relembra Ana.
O interesse entre os atletas cresceu, mas o namoro teve que ser as escondidas, não por causa das famílias deles mas por causa de uma regra da garagem de remo do GPA: a proibição de relacionamento entre atletas. Conte conta que o interesse dele por Ana foi logo de cara e depois que eles começaram a namorar, chegou um momento que foi difícil de esconder de todos que eles estavam apaixonados.
"Chegamos a parar de remar por um tempo, mas aí por conta do trabalho da Ana nos mudamos para Brasília e então a carreira dela no remo deslanchou. Ela foi muito bem recepcionada no Minas (Tênis Clube), se federou e começou a competir", explica Conte.
Na época, os atletas chegaram a competir Brasileiros e Copas Norte Nordeste. Ana conta que o marido ainda remava e depois ia acompanhar os treinamentos dela na lancha. "Ainda levávamos muito do esporte em nossas vidas. Quando passamos por momentos difíceis, os ensinamentos e analogias que fazemos usando o remo são muito presentes", explica Conte.
Gilberto Conte se aposentou como remador e Ana Lucia Kist atua como árbitra nacional e FISA. "Quando fiz a prova da FISA estava com um barrigão de grávida da nossa filha", lembra Ana. O casal que começou sua história em um Double Skiff, está hoje casado, tem uma filha e uma empresa de comunicação juntos. Parceria do Remo para a vida.
Vanessa e Renan A nossa representante nas Olimpíadas do Rio 2016 conheceu o remo através de seu marido, o campeão brasileiro Renan Koplewski de Castro. O casal começou a namorar quando Vanessa havia se aposentado da natação, a atleta buscou outras atividades físicas para lidar com o estresse diário entre as aulas da faculdade e do trabalho.
O casal campeões no remo Renan Koplewski de Castro e Vanessa Cozzi Depois de um período fazendo ballet, Vanessa migrou para o remo por sugestão do marido. "Ele me falou que os treinos eram bem cedo e eu poderia praticar antes de eu ir trabalhar. Nunca imaginei que esse esporte ia se tornar minha carreira por 10 anos, onde me tornei atleta olímpica e, dentre outros títulos, cinco vezes campeã brasileira, bicampeã Sul-Americana e representei a Seleção Brasileira por 7 anos.", explica Vanessa.
"Ele é meu ídolo no remo. Renan remava perfeitamente, tinha muita sensibilidade no barco e me dava as melhores dicas. As conversas que ele tinha comigo antes das competições me enchiam de energia e confiança para dar o meu melhor. Ele sempre acreditou em mim, tive um início no remo tardio, aos 28 anos, e não esqueço dele dizendo: "Estou no remo há muitos anos e sei identificar bons remadores, você é diferenciada, vai ser uma excelente atleta de remo!" E quando nossa filha nasceu, ele deu muito suporte", conta a remadora.
Renan e Vanessa com a filha Larissa no Brasileiro de Barcos Curtos 2020 Renan, que dentre outros títulos: remou pela Seleção Brasileira por 10 anos, foi seis vezes Campeão Brasileiro, Vice-Campeão Pan-Americano em 2007 e eleito melhor atleta em remo pela Federação Paulista em 2006, se tornou peça chave, segundo Vanessa, em cada performance dela e responsável pela preparação mental dela em cada competição.
Juntos, o casal tem uma filha chamada Larissa e Vanessa conclui: "Ele é o melhor marido, companheiro e parceiro de vida que eu poderia ter! Amo muito ele!"
O amor definitivamente está no ar!
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